domingo, 26 de junho de 2011

Um arco-íris de diversidade

A diversidade foi para mim uma lição de amor. Muito amor e respeito. muito amor e coragem, Foi sim minha grande lição de vida. Por isso, essa história, que adaptei do livro de Geert de Kockere, um belga que estudou para ser professor, tornou-se jornalista e hoje escreve para crianças.
Adorei essa história.


Azul

Ana é uma rainha. Mas ninguém sabe disso. Só ela.  Ana gosta muito de azul. Tudo em sua vida é azul. Pela manhã sai de sua cama azul-escuro, toma café em sua xícara azul-claro. Coloca seu lindo vestido azul celeste e sai para seu jardim, cheio de belas flores azuis de todos os tons. Ninguém sabe porque Ana gosta tanto de azul. Nem ela mesma sabe.
Ana também gosta de coisas malucas: em sua casa azul escura, à beira do mar azul, ela coleciona coisas esquisitas, como um tijolo azul-escuro que tem soluços, uma cabeça azul-clara nas nuvens e um peixinho azul-escuro que canta ópera.

Um belo dia, quando Ana estava na praia procurando conchinhas azuis, se deparou com o rei Amarelo-Ouro.  Com seus pés amarelos descalços. Ele disse “ohh!’, e nada mais. No dia seguinte, o rei Amarelo-Ouro volta à praia. E lá estava Ana novamente. Ele novamente diz “oh!”, e nada mais. Mas Ana gosta assim mesmo. E todos os dias, a Rainha Ana Azul se encontra com o  Rei Amarelo-Ouro.
Ana gosta do Rei Amarelo-Ouro e talvez até queira se casar com ele. Mas não sabe se um dia vai gostara de amarelo. “O amor é azul”, pensa Ana.  “Pois o mar é azul e o amor é tão profundo quanto o mar”.  

Mas ela gosta tanto do rei Amarelo-Ouro, que decide treinar bastante para gostar do amarelo. E assim, no seu bule azul-escuro, ela pinta flores amarelas. As cadeiras da mesa azul ela pinta de amarelo. E quando Ana já acha que gosta um pouquinho de amarelo, ela põe uma blusa azul com bolinhas amarelas e um sapato azul com cadarços amarelos. “Amarelo é bonito. Não tanto quanto o azul, mas é bonito”, decide Ana. E sai para a praia em busca do rei Amarelo-Ouro.
Bem na hora, pois o rei já está na praia a esperá-la, com seus pés amarelos descalços. 

E aí ele diz para ela “Eu te amo”. E Ana então mostra para ele seu sapato azul com cadarços amarelos. E ele mostra para ela sua coroa dourada, com bolinhas azuis.
E assim, eles conversam, conversam, conversam. Palavras azuis e amarelas misturadas. Da manhã amarelo-ouro até à noite azul-escura.
E assim, eles se casam. E vão morar em um palácio amarelo-ouro à beira do mar azul-profundo.

Um tempo depois, eles têm filhos. Mas não são crianças comuns. São crianças verdes. Exceto Amanda, que é azul como Ana. Quando Amanda cresce, casa-se com o Príncipe Noite Vermelha. E do casamento nascem crianças roxas. Exceto Vinícius, que é vermelho como o pai. E quando cresce, Vinícius casa-se com Laura. E nascem crianças cor de laranja, exceto Alice, que é amarela como Laura.

Agora, no palácio amarelo-ouro à beira do mar azul-profundo, moram crianças vermelhas, verdes, amarelas, roxas, crianças cor de laranja e azuis.
E quando chove, e o Sol volta a aparecer, elas pulam juntas, formando um grande arco-íris sobre o palácio.

Nenhum comentário: