Conto várias histórias no Dia dos Pais. Há uma, porém, que me toca muito, muito profundamente. Lembro-me da primeira vez que a ouvi, não podia ser melhor nem mais bela: foi contada por Giba Pedrosa, meu mestre contador de histórias. Quem conhece o Giba sabe da potência da sua voz. Sabe também da magia e da emoção que ele traz para uma história. Ele a contou pausadamente, bem baixinho, sem colocar nem uma palavra a mais ou a menos. Ao final, um silêncio. Ouvi-la causou tamanho impacto que foi como uma bomba no meu coração, uma bomba forte de coisas boas... Assim, essa ficou sendo a minha história preferida sobre pai. Saí buscando este texto. Giba havia dito que era de Eduardo Galeano. Fui encontrá-la em O livro dos abraços, no qual Galeano traz delicado tecido de suas memórias, onde seus pequenos, porém infinitos momentos vão como que nos abraçando. Esse conto vem com o sugestivo título de
"A função da Arte/1"
Diego não conhecia o mar.
O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos.
E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Pai, me ajuda a olhar!
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